Talvez Primavera, quiçá Outono.
Com as cores que se esgueiram para celebrar o esplendor da terra.
Bastou jogá-las no papel, moldá-las no contorno do barro.
Será talvez escrita!
Da intimidade da mão, obviamente.
Mas numa transparência de sinais colhidos na respiração da noite e nos grãozinhos da memória.
É seguramente palavra.
Rasgada na tela, coberta de sílabas coloridas.
À espera que alguém a reinvente, a acaricie e investigue o aroma que lhe sai do peito.
É esta a proposta desta exposição: a descoberta da palavra aqui semeada.
Trata se pois de uma sementeira cujos frutos aguardam o olhar.
Munidos do arado, da grade, do ancinho e da forquilha, (pois a canga foi banida), lavrou-se o papel, semearam-se as tintas e regou-se a terra.
Durante 3 anos, gota a gota, rio a rio, mar amar, estes semeadores
excederam-se em linhas, traços, contornos, colagens.
Assim nasceu esta palavra.
Também cresceram, estes jovens.
Sem canga. E "o sucesso encoraja-os: eles podem porque pensam que podem."
Na sombra, iluminando os seus rostos, com puros gestos de pintura, o índio,
pintor, palhaço em cada acto, continua da vida feiticeiro, sempre na busca de novo cheiro.
Helder Rodrigues
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